Black Sabbath e uma desgraça chamada Eternal Idol

Logo de cara admito que sei que a resenha aqui contida reflete uma visão isolada de minha parte. Estou plenamente ciente que o álbum Eternal Idol (1987), o primeiro com o vocalista Tony Martin, é bem quisto por muitos fãs do Black Sabbath.

É o que eu percebo de uma simples “googleada“, pois encontro muitas resenhas positivas acerca desse álbum, mas sinceramente não consigo compreender o que as pessoas veem de positivo nesse trabalho.

Black Sabbath foi (e sempre será) uma das minhas bandas prediletas. Desde a tenra adolescência eu sou admirador incondicional das fases com os vocalistas Ozzy Osbourne e Ronnie James Dio, e tenho algumas reservas com o disco do Ian Gillan (Born Again), embora eu ainda goste bastante desse registro.

Mas os discos gravados com o Glenn Hughes (Seventh Star) e o Tony Martin simplesmente não dá. Tudo bem que existem sim faixas boas (e umas bem boas por sinal), mas o conjunto da obra simplesmente não me desce.

Dito isto, muitos devem estar indagando: Então por que diabos eu estou resenhando um álbum da era Tony Martin? O motivo é que, depois de resenhar o Forbidden, resolvi revisitar a discografia “tonymartiniana” para checar se meus níveis de percepção musical atual poderiam eventualmente identificar alguma injustiça que eu possa ter cometido no passado.

Já aconteceu muito de eu mudar de opinião sobre determinado artista/banda/obra/etc. Eu sempre faço esse exercício de revisitar coisas que eu gostava ou detestava no passado. Eu sempre detestei a era Tony Martin, e assim fiquei imaginando se por acaso eu ainda detesto.

E para iniciar essa jornada obviamente escolhi o primeiro disco dessa fase, o famigerado Eternal Idol.

Pois bem, sem mais delongas e sem nenhuma delicadeza eu já digo logo que, revisitando esse álbum depois de anos, ainda continuo achando ele uma bela de uma bosta.

Achou ofensivo? Indelicado? Segue a mesma frase em francês pra ficar mais chique: Je pense que ce disque est une merde.

Para não ser injusto devo reconhecer que a faixa de abertura (The Shinning) é uma bela de uma música. Aqui realmente vemos um riff muito bem composto, arranjos inteligentes, linhas vocais marcantes. É uma grande faixa que só não é um clássico do rock (por assim dizer) em virtude da má fama que as fases pós Dio possuem entre o público mais leigo. Essa música é a única pérola do álbum, o único motivo que poderia justificar alguém ouvi-lo

Para toda obra ou disco que eu resenho eu costumo ir realizando anotações conforme eu vou ouvindo. Antes de terminar The Shinning meu plano era fazer uma resenha no estilo faixa-a-faixa, mas eu desisti conforme as músicas foram se sucedendo uma a outra.

Seria improdutivo realizar uma resenha faixa-a-faixa pois o resto do repertório parece uma massa amorfa de mediocridade sonora.

O que se escuta depois de The Shinning é o que eu chamo de “pequeno pesadelo interminável”. O Tony Martin, embora tecnicamente brilhante, é muito, mas muito chato e genérico (eu já devo ter ouvido uns 20 vocalistas iguais a ele), deus me livre. Eu tenho quase certeza que ele deve ter dado aulas para o James LaBrie (Dream Theater) na matéria de Chatologia II do curso técnico de Desafinologia do Sebrae.

Além da chatice intrínseca do Tony Martin, temos ainda essa produção horrorosa estilo “Pop Metal” e “AOR” oitentista. Produção essa que se caracteriza pelo uso desmedido do reverb nas linhas vocais (que consegue torna-lo ainda mais irritante) e demais instrumentos. A guitarra do Tony Iommi está completamente amaciada, perdeu todo o peso, virou um instrumento completamente pasteurizado, o que retirou todo o brilho de seus sempre excelentes riffs.

Sério, para mim foi uma tortura sonora chegar até o fim do álbum. O único momento de alívio foi na “inimaginativa” instrumental Scarlet Pimpernel. Embora seja tão inspirada quanto um saco de cimento, pelo menos nos poupou dos horrores vocais de Tony Martin cantando como se estivesse tentando sobreviver a uma hemorragia intestinal enquanto é torturado dentro de um banheiro de rodoviária. O que, agora que penso nisso, provavelmente teria uma melodia mais agradável do que a maior parte desse álbum.

Em suma, o que percebemos em Eternal Idol é um Black Sabbath totalmente obliterado por interesses comerciais, sendo obrigado a adaptar sua sonoridade às tendências contemporâneas – contemporâneas em 1987, vale ressaltar – e satisfazer as exigências do mercado, o que fez com que esse registro se tornasse extremamente datado. O que era ruim na época envelheceu ainda pior.

Como dito alhures, eu sei que muitos falam bem desse álbum, outros adoram, mas sinceramente eu considero uma tragédia. Na minha opinião existem registros menos piores dessa fase, como por exemplo Cross Purposes e Headless Cross.

Lembram no meu post do Forbidden quando disse que estava investigando se aquele disco era o pior da carreira do Black Sabbath? Agora temos a resposta: é um sonoro não, pois Eterno Idol consegue ser bem pior.

Nota: 01 (pois só tem uma música que se destaca no álbum)

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